O aumento de peso da população chama a atenção para os riscos associados ao problema, como o surgimento de doenças cardiovasculares e diabetes. Segundo Gerson Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial que faz parte da equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial, não basta manter uma dieta equilibrada, é preciso mastigar bem os alimentos. “Comer rápido, sem quebrar direito os pedaços da comida prejudica a saciedade”, aponta.

O ortodontista explica que os dentes trituram os alimentos, a saliva ajuda a deixar o bolo alimentar molhado e dá início a digestão. Cada fase do processo é fundamental para que o cérebro receba os estímulos necessários que avisam quando é o momento de parar de comer. “Quanto mais rápido se come, mais alimentos serão ingeridos e o corpo não tem tempo suficiente para identificar quando está satisfeito. Até o sinal chegar ao cérebro o indivíduo comeu mais do que deveria e a energia extra será acumulada em forma de gordura”, observa.

O acúmulo de gordura pode trazer malefícios ao organismo e sua face mais cruel é a obesidade. Além das consequências estéticas, o peso excessivo provoca o surgimento de doenças e problemas psicológicos. “Infelizmente não existe uma cultura de comer devagar e adequadamente. A correria do dia a dia e maus hábitos contribuem para este quadro. Comer na frente do computador e da televisão, fazer uma refeição em cinco ou 10 minutos são fatores que impedem que o mecanismo de saciedade funcione corretamente”, destaca Gerson, professor convidado da pós-graduação da UFPR há mais de 23 anos.

No Brasil e no mundo a obesidade é tratada como um desafio, especialmente para os governos que acompanham o crescimento dos gastos com a saúde pública. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a obesidade é uma epidemia mundial e está entre as principais causas de morte. Dados do Vigitel apontam que 48,1% dos brasileiros adultos têm excesso de peso, sendo que destes 52,1% são homens e 44,3% são mulheres. As estatísticas para jovens e crianças também são preocupantes e os números revelam que a doença está atingindo mais pessoas cada vez mais cedo.

Para o ortodontista e ortopedista facial Juarez Köhler, que também faz parte da equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial, a solução é associar dieta equilibrada, atividades físicas e bons hábitos alimentares. “A mastigação deve ser levada a sério desde a infância. As crianças têm que aprender a comer alimentos crus ou cortados em pedaços pequenos para poder sentir o sabor da comida e exercitar a musculatura. Nada de papinha ou tudo amassado, é preciso mastigar mais e melhor”, ressalta.

A mastigação é importante para a manutenção do peso corporal e também ajuda a emagrecer. Ao mastigar bem os alimentos a digestão fica mais fácil e os estímulos de saciedade chegam a tempo de dizer que é hora de encerrar a refeição. “Apenas 20 minutos após o início da refeição é que o cérebro receberá as informações sobre a saciedade. É fácil saber se o indivíduo está comendo rápido demais, pois quem não mastiga direito se sente cheio e não saciado, é a chamada falsa saciedade”, esclarece Juarez.

Mesmo se esforçando para perder peso, algumas pessoas precisam de um empurrãozinho para aprender a como comer direito. Juarez comenta que existe um aparelho, denominado dispositivo bariátrico intrabucal, que auxilia a mastigação. “O aparelho é usado dentro da boca durante as refeições e tem como objetivo reduzir a quantidade de comida colocada na boca e aumentar o número de mastigações. Os efeitos benéficos do dispositivo na mastigação contribuem para a perda de peso. Estudos apontam que seu uso reduz a quantidade de alimentos em no mínimo 20%”, evidencia Juarez.

O dispositivo bariátrico intrabucal é semelhante a um aparelho móvel utilizado em tratamentos ortodônticos, ele não é visível e pode ser usado de modo confortável em qualquer ocasião, sem causar constrangimentos. “Mesmo com bons resultados o dispositivo não é indicado para qualquer pessoa. O uso do aparelho deve fazer parte de um tratamento maior, realizado em parceria com outros especialistas. É bom lembrar que a força de vontade do paciente é imprescindível, pois os resultados são a médio e longo prazo e não é só colocar o aparelho na boca para emagrecer”, acrescenta Gerson.